Kerley Carvalhedo

Kerley Carvalhedo Ferreira de Oliveira, poeta e iniciou seus suspiros poéticos, já que insisto em declarar que nasceu poetando, no dia 11 de março de 1991. E a dádiva do canto foi dada por Felipe de Souza Ribeiro e Nizete Ferreira de Oliveira. Sua paixão por literatura cresceu na adolescência, ao mesmo tempo que crescia no distrito urbano de Marabá. Estudou em um dos mais tradicionais colégios de Breu Branco, Severo Alves. Com a conclusão do colegial, Kerley iniciou os estudos de Filosofia na Universidade Centro Universitário (UNINTER), porém, por conta de um dos seus principais desafios pessoais que narrarei agora, interrompeu os estudos.

É interessante pensar que no poema escrito por Gonçalves Dias sobre a cidade natal de Kerley, Marabá, Dias declarou: Se algum dos guerreiros não foge a meus passos, E as doces palavras que eu tinha cá dentro, A quem nas direi. De fato, talvez das palavras guardadas no peito do poeta Carvalhedo, nasceu a depressão, diagnosticada em 2008, levando-o ao isolamento do trabalho e dos estudos, e foi na fonte poética que bebeu para buscar ajuda, nesse momento surgiram seus primeiros textos, como Carvalhedo diz em seu poema, Hoje apenas chorei: há muitas lágrimas escondidas - As lágrimas da alma -aquelas que mesmo sem escorre, fazem nos sentir aliviados. Ainda no ano de 2008, o isolamento chegou ao ápice, pois ao viajar para Mato Grosso, para morar com uma tia, na tentativa de vencer a depressão, fugiu para outra cidade, sem dar notícias por dias aos amigos, e não obstante me atrevo a dizer que nessa viagem, nesse processo andarilho, Kerley desenvolveu uma das suas principais características literárias, a necessidade do encontro com o "eu", com as vontades internas, com a voz escondida, que gritava, e precisava do silêncio para ser ouvida.

E quando falo vozes, digo as vozes de igual modo, das suas influências, entre elas: Machado de Assis Marcelo Rubens Paiva, Rachel de Queiroz, Mário Quintana, Dostoiévski , Balzac, Edgar Allan Poe, Eça de Queiroz, Nélida Piñon e Martha Medeiros. Kerley sempre tentou encontrar a sua própria voz e estilo literário, sem perder as outras vozes, unindo sua vontade a angústia das influências, como afirma Harold Bloom.

Em 2008, quando voltou ao Pará, iniciou sua carreira como colunista, escrevendo crônicas para o jornal gaúcho Agora, a convite da Diretora de Redação Rosane Ávila, a primeira coluna foi publicada em 21 de abril do mesmo ano. Foi o início da sua carreira literária fora do estado.

Seu livro de estreia, Há Tanto Tempo Que Te Amo, uma coletânea de textos e crônicas, foi lançado em 2010, e embora com uma edição limitada apenas para amigos mais próximos, já era possível vislumbrar a capacidade múltipla da escrita de Carvalhedo, com diferentes gêneros, mas mantendo a busca pela narrativa do "eu". O ano de 2010 ainda foi marcado por um hiato na carreira literária, para dedicar-se ao papel de colunista e publicitário, além de trabalhar como assessor parlamentar na prefeitura Municipal de Breu Branco. Sua carreira na mídia impressa ainda foi marcada pela revista digital Mklay Brasil, fundada por ele em 2016. Nesse mesmo ano, o retorno ao cenário literário foi com a obra O homem de uma mulher só, texto adaptado ao teatro e com Patrick Zarack no papel principal. Joel de Brito, em 2017, o convidou para assinar a coluna semanal Diário RS, com a primeira coluna publicada em 1 março de 2017.

O seu livro mais aclamado, K entre nós, rendeu uma história fascinante, um amigo muito próximo, usando da sua influência como jornalista, enviou as crônicas de Kerley para o psicanalista e dramaturgo italiano Contardo Calligaris e Joel Pinheiro da Fonseca, ambos da Folha de São Paulo, para caso gostassem, escrevessem a orelha do livro K entre nós. Joel Pinheiro da Fonseca não apenas gostou, como fez sugestões inspiradoras para a ilustração da capa do livro. Além dessa contribuição, a publicação ainda contou a sinopse de Cláudia Tarjes, escritora, roteirista de novela e colunista do jornal Zero Hora. Com todas essas honras e reconhecimento, o livro foi lançado em 2018, editado pela Darda, sob a supervisão dos editores e proprietários da editora, João Paulo e Fernanda Monthé. O livro ganhou o certificado de Honra ao Mérito na categoria Crônicas da mesma editora.

Com a obra, mergulhou ainda mais na produção de crônicas, haja vista a sua paixão por narrativas do cotidiano. Tal paixão nasce da sua necessidade quase vital de ouvir as pessoas, para ele, nada é desinteressante, tudo é lirismo, qualquer narrativa deve ser contada, nas palavras de Carvalhedo: Há algo que considero particularmente uma das vertentes para minha inspiração: conversar com pessoas de todos os níveis intelectuais, sobretudo que saibam articular uma boa conversa. E considero-me fausto por dividir a coexistência e a amizade com muitas pessoas fascinantes. Eu, como leitora de Kerley Carvalhedo, destaco como um dos fatos mais interessantes do escritor, a sua ligação com o som ou a sua ausência, ora com as narrativas do outro, ora com o silêncio por ele tão quisto. Ele precisa da solidão que nasce do silêncio do "eu" com ele mesmo, ele só escreve ouvindo ópera e músicas clássicas de Beethoven e Schubert, tomando café ou vinho, cultivando, diariamente, a solidão. Escreve todos os dias, parece nutrir a mesma vontade ditada por Caio Fernando Abreu, que declarou em um dos seus contos mais conhecidos, que um dragão morava com ele, não, na verdade, o visitava, raramente, ele se arrumava, ficava sozinho, esperando o dragão mais ele nunca chegava, o dragão da inspiração, o dragão do querer. Nessa crônica, Os dragões não merecem o paraíso, o contista declarava em uma metalinguagem o anseio do escritor, do querer e buscar a palavra mágica. Eu vejo o Kerley assim, do outro lado do banquete como disse Ana Miranda, esperando a palavra mágica, que me encanta como letrada, que colore e deixa cinza a realidade. Não quer e não pode perder nada, por isso a atenção constante, a espera pelo seu dragão, pelas palavras, declara sempre a espera, pelo som do piano e pelo violino sem o arco, como diz em um dos seus poemas, ele espera, mas a sua espera não é inerte.

Em novembro de 2018, Kerley Carvalhedo foi imortalizado pela academia Tucuruiense de Letras (ATL/PA), ocupando o patronado da 9ª cadeira no espaço de frutífero incentivo à leitura regional. O reconhecimento lhe rendeu, de igual modo, histórias engraçadas, pois em 2018, seu texto "Piruá" foi atribuído a Martha Medeiros, inclusive tal fato não incomum. Alcançou tamanha notoriedade que suas crônicas já foram publicadas na Suíça, Portugal, Argentina, Chile e Espanha.

Kerley Carvalhedo recebeu vários prêmios pelo país, entre eles:

Menções e reconhecimento

2014 - Menção honrosa pela Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia (AVIPAF), (Antologia). Brasil.

2014 - Certificado de Mérito Literário pela Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura (Embaixada da Poesia). (Antologia). Brasil

2017 - Menção Honrosa pela Casa da Cultura João de Monlevade, Rio de Janeiro. Brasil.

2017 - Menção Honrosa Academia Tucuruiense de Letras, Tucuruí, Pará. Brasil.

2017 - Certificado Cultive, participação movimento pela paz, Genebra. Suíça.

2018 -Menção Honrosa Academia Paraense de Letras, Belém, Pará. Brasil.

2018 - Medalha de Mérito Cultural Poetizar o Mundo, Curitiba. Brasil.

2018 - Menção Honrosa pelo Projeto Polén da Vida, São Paulo. Brasil.

2018 - Moção de Aplausos pela Câmara Municipal de Breu Branco. Brasil.

2018 - Certificado de honra ao mérito por contribuição à literatura Brasileira. Brasil.

2018 - Menção Honrosa Pelo jornal Diário RS. Brasil.

2018 - Diploma de Membro efetivo, imortal da Academia Tucuruiense de Letras. Brasil.

2019 - Menção Honrosa Colégio Sophos. Brasil.

2019 - Menção Honrosa Pela Revista Cazemek. Brasil.

Em sua trajetória, Kerley Carvalhedo foi cronista freelancer em diversos jornais do Brasil, como:

  • Folha de Londrina - PR
  • Bonde - PR
  • Pebinha de Açúcar- PA
  • Jornal de Roraima- RR
  • Agora- RS
  • O Energia -PA

E nas revistas:

  • Cazemek - PR
  • Evidenciarte - RJ
  • O segredo - MT

Também contribuiu com textos no exterior, nos seguintes veículos de comunicação:

  • Revista Palavra Comum (Galiza - Espanha)
  • Aira Das Letras (Argentina)
  • Revista Fênix (Portugal)
  • Revista Poetas del Mundo (Chile).

Por Pâmela Neri, profª de Literatura do Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Tucuruí.

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