Primeira Coletânea da Academia Caxambuense de Letras
1ª Coletânea da Academia Caxambuense de Letras
1ª Edição São Paulo 2022
Organizador: Leandro Campos Alves
O QUE É UMA ANTOLOGIA
Antologia é o conjunto formado por diversas obras (literárias, musicais ou cinematográficas, por exemplo) que exploram uma mesma temática, período ou autoria.
Na literatura, por norma, as antologias são formadas por diferentes textos (prosas ou versos) que são organizados dentro de um único volume, formando uma coletânea (coleção) de obras que abrangem um tema, período histórico ou autor específico.
Por exemplo, uma antologia poética consiste na reunião de vários poemas diferentes num único livro que, normalmente, são selecionados individualmente pelo autor.
No entanto, como já foi previamente explicado, uma antologia poética ainda pode apresentar a junção de poemas e poesias de diferentes autores, desde que estas abordem um tema em comum, por exemplo.
A primeira antologia que se tem registro é de autoria do poeta grego Meléagro. No entanto, até meados do século XVIII a palavra "antologia" não era utilizada para se referir às coleções de textos literárias, mas sim termos como "florilégio", "romanceiro", "silvas" ou "flores".
Maria do Carmo Magalhães Lahmann
HOMENAGENS PÓSTUMAS
Em nome da Academia Caxambuense de Letras e de meus colegas acadêmicos, presto, nesta edição, uma justa homenagem aos nossos companheiros que já não estão entre nós: Dr. Henri Moukhaiber Zhouri, Regina Maria Nogueira do Sacramento, Rossini Jayme de Almeida Lima, Luiza Menezes Figueiredo, Amélia Tété Balassiano, Júlio Nelson Tété da Silva, Realina Barbosa Ferreira de Araujo, Newton Ferruggini, Maria de Lourdes Lemos, Valternil Gallo Lahmann, pessoas cujas vidas foram de grande importância para nossa Academia.
A vida é feita de encontros e desencontros, de chegadas e partidas. Eles partiram, encontraram a paz eterna, mas não desapareceram para sempre, pois, através de nossas lembranças e saudades, continuam sempre presentes. Somos a continuação de seus ideais. Acredito que nos encontramos para que pudéssemos nos enriquecer numa troca, não só de conhecimentos, mas de experiências e sabedorias, vindas através da vivência, do diálogo aberto e sincero que sempre aconteciam em nossas reuniões e conversas particulares. Ainda estão vivas as lembranças das risadas, do brilho nos olhares, dos sorrisos acolhedores, das conversas, às vezes triviais, às vezes profundas. Foi um privilégio conviver com pessoas tão especiais das quais guardo ainda vívidas recordações.
De "tia" Luiza, assim chamada carinhosamente por todos, guardo a vivacidade, inteligência, responsabilidade e, apesar de sua idade, na casa dos noventa e silhueta frágil, tinha um espírito forte e era dona de uma memória prodigiosa; de Rossini Jayme, nosso querido Jayminho, e Tété Balassiano ressalto as maravilhosas vozes que animavam nossas reuniões com lindas canções; de Realina, a gentileza com que nos recebia e seus belos poemas; de Maria de Lourdes Lemos, grande pesquisadora, dona de uma grande inteligência, a alegria e o espírito jocoso, sempre nos fazendo rir com seus chistes ; de Regina, Júlio Nelson e Zhouri, apesar de nossa pouca convivência, guardo a lembrança da vontade de colaborar, mesmo à distância.
A saudade estará sempre presente e, através dela, as lembranças ficarão guardadas em nossos corações.
Maria do Carmo Figueiredo Paiva
INTRODUÇÃO
Sempre acontece o momento perfeito.
Agora foi o momento perfeito para dar forma a essa Coletânea, há muito tempo sonhada e desejada por nós.
Como costumava dizer Lao-Tsé, o avô do Taoísmo "uma jornada de mil milhas começa com um único passo".
Espero que todo leitor que aprecia a Arte que se pode obter com o uso da Palavra, descubra a Beleza que o ser humano é capaz de extrair de dentro de si mesmo.
Nada se improvisa na vida de uma pessoa, tudo se recria à medida que se olha ao redor e se faz a transmutação consciente no seu modo próprio de ver, ouvir e sentir.
Neste livro encontraremos poemas, contos e textos que vão nos causar uma variedade de impressões, vão tocar gentilmente a nossa sensibilidade, vão nos levar a um novo olhar para a vida como se aventurássemos por caminhos desconhecidos.
Vamos caminhar pelas trilhas desta Coletânea:
..."o sabor da folha esmagada no tempo na paz do barro quase húmus..."
"Na gangorra do tempo me balanço
com as cordas do sonho"
"Faz tempo, muito tempo, que senti felicidade
pois já não me lembro qual era a minha idade"
"Mineiro é coisa chique que vem apurando
de fora para dentro, com jeitinho tímido..."
Garoa, palavra bonita! chuva se esfacelando em migalhas...
"o bouquet da tarde fruto da confraria
do silêncio, mistério..."
..."a poesia, doce barquinho inocente... arrosta perigos"...
..."Para voar não é preciso ter asas... deixar que os desejos mais loucos"...
...Mal sabiam os humanos que as estrelas de onde vim, eram partes de seus próprios corações"...
"O amigo novo desafia você
a querer mais tempo de vida para que se tornem
velhos amigos"
..."Quero um resto de fantasia do brinquedo de antes"...
"Menino calado O que sabe você?
Da vida... do tempo Do amanhecer?"
Sempre que você tiver alguma dúvida sobre os milagrosos efeitos do Belo sobre o ser humano, consulte o seu coração, onde cada vazio espera ser preenchido.
Consulte também a sua consciência que espera ser preenchida onde a fonte nunca se esgota.
Boa leitura! Encante-se!
Maria do Carmo Magalhães Lahmann
Sumário
O QUE É UMA ANTOLOGIA................................................... 3
HOMENAGENS PÓSTUMAS................................................... 5
INTRODUÇÃO.............................................................................. 7
CIDA RIGOTTI.............................................................................. 13
ESTHER LUCIO BITTENCOURT............................................ 28
GUIOMAR PAIVA....................................................................... 39
LEANDRO CAMPOS ALVES.................................................. 47
MARIA CRISTINA MALLET PORTO..................................... 57
MARIA DO CARMO FIGUEIREDO PAIVA......................... 66
MARIA DO CARMO MAGALHÃES LAHMANN............... 80
MARIA DO CARMO RODRIGUES......................................... 91
PAULO PARANHOS............................................................... 103
ROBERTA RIHÖLÈ FULANI.................................................... 112
CIDA RIGOTTI
Cadeira n°19
Patrono: Carlos Drummond de Andrade
Maria Aparecida Beraldo Rigotti de Faria é o nome completo de Cida Rigotti. Natural de Pouso Alegre, MG, reside há 16 anos em Caxambu, Minas. Possui Licenciatura Plena em Língua e Literatura Italiana pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Dedica-se também ao estudo do Inglês e do Francês. Gosta de poesia, literatura, teatro, cinema e dança. Cursa Teologia Católica pela Uninter. É membro efetivo da Academia Barbacenense de Letras (cadeira 36, patrono Dr. João Beraldo) e da Academia Caxambuense de Letras (cadeira 19, patrono Carlos Drummond de Andrade). Publicou: João Beraldo, Político e Poeta; Você quer ser minha mãe; Papai Noel (português e italiano); Glória, o Édipo em D. Casmurro; Átomos de Poesia. Foi colaboradora do "Anuário da Academia Barbacenense de Letras" de Barbacena, MG. Assinou a coluna Viva a Vida dos jornais "O Marquês", da Unimed Marquês de Valença, RJ e "O Paquetal", da Ilha de Paquetá, RJ. Fundou e dirigiu a própria firma cultural "Viva a Vida" em Juiz de Fora, MG, com Jornal mensal e Saraus temáticos semanais.
A Dança
Cida Rigotti
A dança surge do centro da Terra.
O Fogo serpenteia a energia da criação.
O calor vibrante do prazer, da emoção
ganha a força das Águas.
A dança vibra
na volúpia das ondas, no canto das cachoeiras.
A dança agrada ao vento e a música da alegria
se expande no Ar. O bailado da vida palpita nos sonhos e a dança
nasce
em cada coração!
ESTHER LUCIO BITTENCOURT
Cadeira nº 11
Patronesse: Cecília Meireles
Esther Lucio Bittencourt, nascida Esther Maria Duarte Lucio Bittencourt, em 13 de fevereiro de 1942. Trabalhou: Jornal Praia Grande em Revista, Jornal do Brasil, O Fluminense, Universidade Federal Fluminense, Correio da Manhã, revistas Senhor, Leitura, O Cruzeiro, Inédito. Na Ediouro, até 2009 como editora de áudio livros, como Grande Sertão-Veredas. Durante os anos de repressão criou a feira do autor, em Niterói. Lança o livro de contos No País das Palavras onde Moram os Homens Mudos, em 1975 o romance Vicença Taborda, em 1980, o livro de poesia Imaginário Eixo. Participou do livro Entre ouvidos: sobre rádio e arte, organizado pela professora Lilian Zaremba, lançado na 7ª Bienal do Mercosul, em 2010, patrocinado pela Oi Futura. Em 2018 lança o livro de poesia "Oi!" e, em anos anteriores, o livro de poemas " Varal de Possíveis" pela Saraiva. Participa da Academia Caxambuense de Letras onde ocupa a cadeira que tem como patrona Cecília Meireles.
Poema Um
Esther Lucio Bittencourt
Em julho brotam nas mangueiras
as flores das mangas voadoras
e Vera faz doce de ventania
em outubro/ novembro. caso agosto
não vente excesso de derrubar
as flores dos futuros frutos
só vente para cair mangas verdes
sem asas mas voadas pelo vento
que venta para levar o eco de vozes,
pólem, folhas amarelas, para os brotos
que virão em setembro no sul do planeta
primaverar os perfumes do que virá
ser doce azedo de ventania fervido no calor
do verão que virá em dezembro/ janeiro.
GUIOMAR PAIVA
Cadeira nº 08
Patrono: José Capistrano de Paiva Filho
Guiomar de Paiva Brandão é natural de Caxambu, reside atualmente em São Lourenço.
Participou de vários concursos nacionais e locais, ganhando o Concurso João de Barro de Belo Horizonte com o livro infantil "Giramundo", recebeu a premiação no Palácio das Artes em Belo Horizonte - MG. E o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) com o livro infantil "Liga pra mim", recebendo o troféu de melhor autora infantil no Memorial da América Latina em São Paulo, capital. Possui poesias publicadas em várias Antologias Poéticas. Livro Quintais - Prêmio Nacional da Poesia Escrita e Falada de Varginha-MG.
Guiomar é membro fundador da Academia Caxambuense de Letras, membro da Academia Poços-Caldense de Letras e pertence também à Sociedade Mineira dos Poetas Vivos e afins do Rio Grande do Norte, Natal, Grupo Literário Fonte das Letras, de São Lourenço, Academia Feminina Sul-Mineira de Letras - AFESMIL, e do Grupo Prosa e Verso.
Restos
Guiomar Paiva
Quero um resto de lucidez,
na loucura de um desejo.
Um resto de azul,
no meio da tempestade.
Um resto de ternura,
no silêncio do prazer.
Um resto de água,
na sede do deserto.Quero um resto de brilho,
no final de um túnel.
Um resto de alegria,
pro final da festa.
Um resto de trégua,
na guerra do dia a dia.Quero um resto de fé,
no desespero da revolta.
Um resto de perdão,
na ofensa de quem magoa.
Um resto de certeza,
na alegria de quem volta.
Um resto de utopia,
pro alimento de quem voa.
Quero um
resto de adeus,
nos olhos de quem fica.
Um resto de ousadia,
nos passos de quem vai.
Um resto de esperança,
na carência de quem não tem.
Um resto de verdade,
no vazio de quem não é.
Quero um resto de fantasia
do brinquedo de antes.
Um resto de memória,
pra bagagem de depois.
Um resto de ingenuidade,
pra que a magia aconteça.
Um resto de ilusão,
pra que o sonho permaneça.
Quero os restos, não de sobras,
mas resto-sinal do que é inteiro,
intenso e maior.
LEANDRO CAMPOS ALVES
Cadeira nº 10
Patronesse: Vera de Carvalho Milward
Leandro Campos Alves foi presidente da Academia Caxambuense de Letras 19/21, e é Doutor Honoris Causa em Literatura.
O escritor Leandro é possuidor de diversos títulos e membro de várias Academias de Letras pelo Brasil e no exterior, sendo ele possuidor de um currículo invejável, recheado com diversas obras, prêmios e trabalhos internacionais, venceu a dislexia e o preconceito, deixando fluir de seu grafite poesia e contos que encantou o mundo!
Autor do poema épico "O Viajante" reconhecido oficialmente pelo livro dos recordes em 2018, como o maior do Brasil, podendo ser considerado também como o maior poema mundial da Literatura Portuguesa, com mais de 10.875 versos e
2.022 estrofes.
Oração a família
Leandro Campos Alves
Faz tempo, muito tempo,
que senti felicidade.
Pois já não me lembro,
qual era a minha idade.
É bom e não nego,
viver está realidade.
Que faz crescer o ego,
de um pai de meia idade.
Filhos são sempre eternos,
dádivas da obra de Deus.
A Ti sou servo terno
por ter orgulho dos meus.
Obrigado pela oportunidade,
de orar em agradecimento.
Minha fé em fidelidade,
a Ti elevo em pensamento.
MARIA CRISTINA MALLET PORTO
Cadeira nº 13
Patrono: Dantas Motta
Estudou Psicologia e Administração de Empresas na PUC-SP. Autodidata em Estudos de Filosofias Orientais. Atuou no mundo corporativo por 25 anos, no segmento de Publicações para TI e Telecom. Gestora de Projetos Editoriais e Promotora de Eventos Culturais e Literários. De 2002 a 2017 foi co-proprietária de uma Livraria Casa de Estudos e Núcleo Terapêutico, em São Paulo. Em 1978, iniciou seus estudos em Astrologia, e desde 2002 facilita Palestras, Cursos e atende como Astróloga Integrativa, com foco em autoconsciência e autodesenvolvimento. Atualmente estuda Antroposofia.
Das estrelas eu vejo
Maria Cristina Mallet Porto
Das estrelas eu vejo uma imensidão, um Espaço infinito, uma escuridão, Das estrelas eu vejo outras estrelas, astros, asteroides, planetas! Das estrelas eu vejo distante, lá na ponta de uma Galáxia, um pontinho azul, tão pequenininho... Vou pulando de estrela em estrela, até chegar perto! Conforme me aproximo, aquele pontinho distante, vai crescendo, e sinto um imenso desejo de desvendar aquela esfera azul, que me parece cheia de mistérios, tantas são as diversas formas que se apresentam!
Meu coração bate mais forte e escorregando pelos raios solares, aterrisso no alto de uma imensa montanha. Olho ao redor e vejo mares, rios, montanhas, rochas, grutas, desertos, florestas, animais diversos, e lá bem longe, o que chamam de Humanidade! Seres Humanos! Fico curiosa e vou naquela direção! Parecem interessantes, fazem várias coisas, cada um em um lugar, falam diferentes idiomas, roupas distintas, hábitos locais, caminhos diferentes.
Lembro que este pontinho azul, no canto da Galáxia chama-se Planeta Terra! A humanidade que lá habita, ouvi dizer, tem um potencial maravilhoso, uma essência criativa mas que na maioria dos casos, ainda dorme! E o que vejo me assusta, pois o Planeta está em alerta e parece que está difícil o acordar, o despertar e o agir desta humanidade, supostamente inteligente, mas com pouca Consciência! Percebo que fazem um movimento que beneficia a poucos, cada um para si mesmo e poucos para todos. É claro que cada um precisa cuidar de si para ser uma célula saudável, neste corpo planetário, que pulsa por todos!
Mas, além de si, tem o coletivo e o planetário, como um único corpo, orgânico, em constante mutação! Por ora, poucos compartilham entre si, e ainda parecem brigar! Não percebem que o Planeta chora? Que as pessoas precisam uma das outras? Que são muitos os talentos e que se forem unidos terão muito mais força e resultado para todos? Impressiona-me este cenário que clama por entendimento, compreensão, e união! Bastaria abrirem os corações, estenderem as mãos, e dialogarem na Verdade, sem competição, mas cooperação, trocarem o ganha- perde, pelo ganha - ganha, para que o menos se tornasse mais.
Então, uma inspiração me toca! E se pudéssemos fazer com que esta humanidade levantasse a cabeça do próprio umbigo, olhasse para a frente, o outro, e depois para as estrelas? Quem sabe descobririam que o Universo é muito maior, o Propósito é muito maior, a Vida é muito maior? Vou voltar pelo mesmo raio de luz por onde vim, voltar para minha estrela de origem e contar o que vi. Quem sabe possamos, cada um de nós das estrelas, colocar uma chispa viva, no coração de cada Ser Humano, que acenda imediatamente a Centelha que lá repousa? Sabemos que nestes corações já foi plantada a semente do Amor! Então com Esperança, quem sabe esta chispa possa acender a chama!
Vamos, vamos fazer isto JÁ! O tempo urge, antes que não haja mais tempo! O tempo do não-tempo precisa agir! Assim fizemos, e pedimos uma vez mais para Aquele que nos doou o Amor, acionasse o impulso da Vontade e da Força em todos os Seres!
Foi assim então, que por Amor, uma vez mais, a Luz se fez, e aquele pontinho azul pequenininho e distante tornou-se brilhante, imenso, dourado, um verdadeiro Sol irradiando Vida, Gratidão e Paz! Mal sabiam os humanos que as estrelas de onde vim, eram parte de seus próprios corações e que esta Luz, assim como Eu, sempre estivemos lá!
MARIA DO CARMO FIGUEIREDO PAIVA
Cadeira nº 04
Patrono: Mário Milward
Maria do Carmo Figueiredo Paiva, nascida em Caxambu, Minas Gerais. Formada em Letras com Francês pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Fundação Universidade de Itajubá. Especialista em Alfabetização pela UFRJ, em Produção Textual e em Literatura Infanto-Juvenil pela UFF. Lecionou Francês, Língua Portuguesa, Literaturas: Portuguesa e Brasileira e Didática da Língua Portuguesa. Desenvolveu atividades extracurriculares: Oficina da Palavra e jornal falado e escrito na Escola Experimental Avenida dos Desfiles (CEMADE). Foi membro da Equipe Técnico-pedagógica de Língua Portuguesas da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, onde participou da elaboração do Currículo de Língua Portuguesa. Ministrou cursos e palestra sobre Metodologia da Língua Portuguesa em cidades de diversos estados do Brasil. Co-fundadora da Academia Caxambuense de Letras.Membro do grupo"Prosa e Verso" de Itanhandu MG. Publicações: Estudo de texto: Estrutura, mensagem, re-criação(2 vol), Descobrindo o Sabor do Texto (8 vol), Brincando com Passado- Presente- Futuro ( 2 vol).
Um Sonho quase Real
Maria do Carmo Figueiredo Paiva
Acariciada pelo Sol da manhã, observo, da varanda, a beleza do dia que inicia. Meus olhos passeiam, preguiçosos, ora pelo céu azul ora pelo campo verde, onde pasta, tranquilamente, um cavalinho.
Como que pressentido o meu olhar, ele levanta a cabeça e, sacudindo a longa crina dourada, inicia um verdadeiro espetáculo circense.
Empina, balança as patas no ar e gira o corpo com uma graça infinita. Em seguida, trota garboso, para e olha para mim, como a dizer: — "Eu me exibo só para você." Logo retoma sua marcha cadenciada e majestosa. Dá pulos, gira e sacode a crina ao vento.
Venham ver o cavalinho! Ele é tão lindo! Chamo em vão. Ninguém me ouve.
Eu me debruço, então, no parapeito a fim de observar melhor o lindo animal, sentindo não poder compartilhar tanta beleza.
De repente, minha imaginação voa e eu me vejo no circo, montada no cavalinho, exibindo-me para o público no picadeiro. Enquanto ele trota, eu me equilibro, graciosamente, ora num pé, ora no outro, como se dançasse. O público aplaude entusiasmado. Até o palhaço faz mesuras e bate palmas. Eu sorrio feliz.
Eis que uma voz me desperta de meu devaneio.
Você chamou?
Deixo o maravilhoso mundo do circo. Olho para o campo, onde o cavalinho, cansado talvez de se exibir, voltara a pastar tranquilamente na manhã ensolarada.
Não foi nada, respondo. E fico com uma sensação de irrealidade, como se tudo tivesse sido apenas um lindo sonho.
Retalhos
Maria do Carmo Figueiredo Paiva
Sou uma colcha composta
por retalhos e remendos,
pedaços de minha vida
costurados com capricho.
Cada pedacinho de pano,
conta um pouquinho de mim,
da minha história,
coisas que vivi, alegrias
e tristezas que senti.
As fases boas são retalhos
de um colorido vibrante,
as não tão boas, têm cores
mais desmaiadas.
Os retalhos escuros são
símbolos da perda e da dor,
costurados com vermelho
sangue, vindos do coração,
onde um Deus, misericordioso,
cerziu , com muito carinho,
pedacinhos brancos de
aceitação e paz.
MARIA DO CARMO MAGALHÃES LAHMANN
Cadeira nº 06
Patrono: Eustáquio Gorgone
Maria do Carmo Magalhães Lahmann nasceu em Caxambu, Minas Gerais, em 16 de julho de 1944. É formada em Pedagogia com pós-graduação "latu sensu" em Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Minas Gerais-Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Varginha MG, onde foi professora de disciplinas pedagógicas. Em sua monografia pesquisou sobre o tema: Deficiência Visual: impedimento para a autorrealização ou falta de oportunidade. O que é verdade? O que é preconceito? Dedica-se atualmente ao estudo e compreensão do Budismo e Taoísmo. Du Carmo, para os amigos, sente o Tao em tudo que é compreensível e não compreensível.
Primeiro Poema
Maria do Carmo Magalhães Lahmann
Quem traduz
a chama
que em mim
não se apaga?
Cada fagulha
freme
de dor,
de alegria.
A luz ébria
chora e canta.
Multiplos rumores
transcendendo
a própria vida!
Momento impreciso
errante como o vento
morrendo
no próprio nascedouro.
MARIA DO CARMO RODRIGUES
Cadeira nº12
Patrono: Fabiano Bernardes Viotti
Maria Do Carmo Rodrigues, natural de Visconde do Rio Branco-MG, nascida em 16 de Julho de 1959, filha de Vitalino José Rodrigues e Nelsina de Almeida Rodrigues. É mãe de Aline, Weber e Cinthya. Formada em Matemática pela UNIG- RJ, em Biologia e Pedagogia pela UNINCOR - Três Corações- MG. Fez Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional com Ênfase em Inclusão Social pela UNIPAC; em Educação Empreendedora pela UFLA; Educação Ambiental pela UFSJ e também fez Pós-graduação em Alfabetização e Letramento pela UFOP. Membro da Academia Caxambuense de Letras em 2006 e ocupa a cadeira 12 - Patrono, o Professor Fabiano Viotti. É membro da Sociedade Brasileira dos Poetas Vivos e Afins (Pouso Alegre-MG). Tem trabalhos publicados em jornais da região e revista Amigos da Natureza. Foi Secretária Municipal de Educação em Caxambu na gestão 2009/2012. Foi Presidente da Academia Caxambuense de Letras no biênio 2016/2018 e vice-presidente no biênio 2019/2021.
À minha Visconde do Rio Branco
Maria do Carmo Rodrigues
Oh! Minha Visconde do Rio Branco!
Há tanto tempo lhe deixei
Nos braços de tantos que confiei,
E que são especiais, eu sei...
Você está ainda, mais linda
Coberta pelo manto verde dos seus canaviais!
Diga-me; se ainda tem casais enamorados na praça, serestas,
Aquela brisa quente nas tardes e a lua ... sua confidente?
Se ainda tem por aí, grandes paixões, carnavais, pés de manga, pitanga, chuva fina
Em seus quintais, sabiás e pardais e nos casarões algum retrato quando menina?
E se tudo está tão diferente
É porque vida da gente
Passa com o tempo e não volta mais...
Oh! Minha Rio Branco!
Sua brisa tateia meu rosto de boas- vindas, sempre que chego
E parece me puxar os cabelos pra que eu fique, sempre que vou...
Ao longe, me acena com seu lenço verde "denso canavial"
Sinto falta do seu mel, do luar e do seu céu.
Que saudade sinto do meu lugar!
Paro seu colo, inda hei de voltar...
PAULO PARANHOS
Cadeira no 7
Patrono: Diogo de Vasconcelos Presidente da Academia Caxambuense de Letras: 2008-2010 Nascido na cidade do Rio de Janeiro, é cidadão caxambuense. Bacharel em Direito e em Museologia. Licenciado em História e em Letras. Mestre em História. Pós-graduado em Revisão de Textos. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Academia Teresopolitana de Letras, da Academia Luso-Brasileira de Letras, do Instituto Genealógico do Sul de Minas Gerais. Autor de 35 obras, dentre as quais: Os lindes das Gerais: formação do território sul das Minas Gerais; História de Caxambu para jovens; Pelos caminhos de Caxambu: história dos personagens que deram nome às ruas da cidade; Terras Altas da Mantiqueira: caminho do ouro das Minas Gerais; São Jerônimo: um historiador da Igreja na Antiguidade
Tardia; Hildegarda de Bingen, mística santa.
O Teatro em Caxambu
Paulo Paranhos
No dia 12 de outubro de 1954 foi fundado o Departamento de Teatro do Clube Recreativo Atlético Caxambuense (CRAC), numa iniciativa de Luiz Silveira, Manoel Santos e Naif Rafael. Este último, por sinal, foi quem me deu todas as informações sobre a trajetória daquela companhia amadora de teatro e que tanto encantou, divertiu e emocionou não só o público de Caxambu como, principalmente, os turistas que para aqui acorriam entre 1954 e 1960.
Dentre tantos que participaram daquele grupo, também se destaca o apoio técnico às apresentações: Cerny (contrarregra); Oto Roza (sonoplasta); Gino Peterle e José Silveira (cenógrafos); Duarte Brochado (guarda-roupas); Álvaro Ramos e José Rosa (eletricistas); Noé Sacchi Gomes, Aluisio Menezes e José da Rocha (maquinistas); Silvia Figueiredo, Silvio Ferreira e Cacilda Marques (maquiadores). Luiz Silveira era o Diretor do Departamento de Teatro e Diná Menezes a subdiretora do Departamento Feminino.
A partir de sua criação, dezenas de peças de renomados autores nacionais e internacionais foram levadas a efeito, com destaque para a comédia em 3 atos "Cala a boca, Etelvina", de Armando Gonzaga; "Morre um gato na China", uma divertida comédia em 3 atos do afamado novelista Pedro Bloch.
No período de outubro de 1954 a outubro de 1955 foram montadas 11 peças, sendo 33 representações (3 de cada peça). Naif Rafael (então tesoureiro do grupo e ator) em 25 de outubro de 1955 expressava o agradecimento do grupo teatral ao então
Presidente do CRAC, Walter Toledo Menezes, que acreditou e incentivou essa significativa célula de cultura na cidade de Caxambu. Da mesma forma, ao Governador eleito do Estado de Minas Gerais, Dr. José Francisco Bias Fortes, que, estando em Caxambu com a família, prestigiara o espetáculo "O divino perfume", de Renato Vianna, encenado em 24 de outubro daquele ano.
A peça "Deus lhe pague", de Joracy Camargo, foi por diversas vezes interpretada, da mesma forma que "O último Natal", de Amaral Gurgel, um "verdadeiro cavalo de batalha", na expressão de Naif Rafael.
Dentre os atores mais constantes do grupo teatral estavam o próprio Naif Rafael, Luiz Silveira, Genilda Peterle e Americana Silveira, esta, segundo o próprio Naif, com talento e beleza incomuns. Admirados pelo público da cidade, como também, e principalmente, pelo público em trânsito nos hotéis de Caxambu, o Grupo de Teatro do CRAC foi alvo de aplausos e elogios os mais diversos, mesmo porque encenava peças, inclusive, para eventos especiais ocorridos na cidade, assim como Convenções do Rotary Clube e a 5ª Semana do Cinema Brasileiro, aqui acontecida em abril de 1956. Isso mesmo! Caxambu já sediou a Semana do Cinema Brasileiro, evento que após alguns anos transferiu-se para a cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul.
Encenando grande número de peças entre os anos de 1954 e 1960, o grupo mereceu aplausos acalorados das mais variadas plateias. Exemplo disso, quando da realização da 5ª Semana do Cinema Brasileiro, em abril de 1956, aqui estiveram personalidades marcantes do cinema e do teatro brasileiros.
Gilda de Abreu e Vicente Celestino naquela ocasião foram enfáticos: Encontramos no Teatro do CRAC um grupo de artistas que nos emocionaram profundamente pela disciplina e entusiasmo que se sentia durante toda a bela peça ontem representada. É por isso que deixamos aqui impresso o nosso grande entusiasmo.
ROBERTA RIHÖLÈ FULANI
Cadeira nº 15
Patrono: Joaquim Gonçalves Lêdo
Roberta Nogueira da Silva Oliveira (Roberta Rihölè Fulani - @robertariholefulani) é caxambuense, licenciada em Letras e Filosofia (UNINCOR/ UNINTER), especialista em Terapia Floral (IBRA), pós-graduada em Design Instrucional para EaD Virtual (UNIFEI), MBA em Diplomacia e Relações Internacionais (UNINTER). E, no momento, é bacharelanda de RI nessa última. É professora efetiva da SEE – MG, onde leciona nas séries finais do Ensino Fundamental. Estuda e pesquisa assuntos referentes à diáspora africana e à sua ancestralidade. Escreve e faz revisões desde adolescente, tendo textos publicados pela Revista Nosso Amiguinho (Casa Publicadora Brasileira) e várias mídias sociais. É membro efetivo da Academia Caxambuense de Letras desde 2015 e ocupa a Cadeira de número 15, patronímica de Joaquim Gonçalves Lêdo.
A calçada
Roberta Rihölè Fulani
riscada
de amarelinha
as pedrinhas
pulando
em cada
quadro
de giz
(ampulheta
infância
a marcar) ...
E nossos pés
_ crianças
em
pleno
voo
até chegar
no CÉU.
Editora Versejar - São Paulo.